sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Entrevista com os Mamelungos, de Recife

Mamelungos de Recife
Uma banda que vem se firmando no cenário local de Recife é a Mamelungos, uma reunião de amigos formalizada desde 2009. O grupo é adepto da mistureba de sons, colhendo influências de cada integrante. E a fórmula deu certo. No show que realizaram na Rua da Moeda, durante o Ciclo Natalino de Recife, a "casa" estava cheia e com todo mundo cantando as canções do pessoal. Mamelungos é Luccas Maia (baixo e voz), Weré Lima (percussão, cavaco e voz), Peu Lima (batera e voz), Igor Bruno (violão e voz), Thiago Hoover (guitarra, programação e voz) e Mário Camelo (teclado e samplers). Nos encontramos com os artistas no CapiBar, localizado no Poço da Panela, local onde tudo começou para eles.  Na ocasião, estavam Weré, Thiago e Luccas, que além de bater um papo bem descontraído, no final ainda fizeram um "show" exclusivo para a gente. Clique AQUI para assistir a Parte 1, e AQUI para ver a Parte 2 do vídeo da entrevista (sugerimos fones de ouvido), e confira abaixo toda a conversa que tivemos com os Mamelungos de Recife.
Marcus Fernandes - Pra começar, por que o nome Mamelungos?
Thiago -
Porque a gente queria uma palavra que não tivesse nada a ver com nda. E ai a gente pensou em Mamelungos, uma palavra que...
Weré - Na verdade a ideia seria um nome próprio, e que fosse criado, saca? Que tivessa haver com a história da gente, por onde a gente anda, o que a gente fazia. Ai veio a calhar um nome sugestivo assim com prefixos e sufixos de palavras que da cultura da gente, como mameluco, mamulengos, mameloucos... É o que a gente queria, justamente por ai. Juntar um pouco de Chico (Science), que tem a ver com a gente, passou pela história da gente. Juntar um pouquinho de Lenine, saca? Coisas que pra gente fazem sentido até depois da criação do nome, até porque foi um negócio meio que caótico assim, como fazer? Como formar? Se o nome ia ficar bom, se não ia. Mas com o tempo a gente viu que é esse o sentido que o nome trás pra gente mesmo.

Marcus Fernandes - Nas músicas de vocês é perceptível um mix de vários ritmos, mas na verdade não se define nenhum estilo. É bem particular. Como vocês autodenominam o gênero musical que é a identidade dos Mamelungos?
Luccas - Essa é a pergunta mais difícil do mundo tá ligado (risos), porque na verdade a gente tem muitas influências, como tu mesmo falou ai, e a gente termina levando pro estúdio uma coisa muito livre saca? Uma coisa da gente pegar um pouco de cada coisa, de cada um. Acho que inclusive tem influências diferentes entre os músicos, entende? E cada um leva um pouco das suas praquela história lá, e a gente quando vai fazer música, raramente diz "ah, vamo fazer um reggae, um samba". Não. A gente faz a música e depois a gente vai pensar o que ela é, saca? É um processo meio que inverso assim. E termina sendo essa salada de frutas.
Thiago - Se fosse pra dar um nome eu acho que dava "Word Music" (risos).

Marcus Fernandes - O Carnaval está bem presente nas letras e melodias dos Mamelungos. O que o público pode esperar de vocês para essa data?
Luccas - A gente gosta de fazer show pra cima né velho? Fazer a galera dançar, se divertir, rir.
Thiago - O pessoal pode esperar um show novo também, com metais, com músicas mais pra cima, e a história vai ser curtir. Fazer a galera curtir o quanto a gente curte no palco também.
Luccas - É um show novo né? Agora a gente vai ter metaleiro e tal. Começando a ensaiar. Vai ser mais pra cima.
Da esquerda para a direita, Weré, Thiago, o repórter Marcus Fernandes e Luccas
Marcus Fernandes - Mas vocês tem algum show marcado para o Carnaval ou alguma novidade do tipo?
Luccas - A gente tem três shows, até agora, que são bem importantes assim. Esse sábado agora, dia 05 de fevereiro, vai ter no Centro Cultural Luis Freire, vai ter prévia da Panela de Pressão, que vai ser com Eddie, Nono Germano e Dj Salvador. A gente ficou muito feliz de ter sido chamado. Vai ser agora nesse sábado né? E dia 18, de fevereiro também, e que a gente ficou muito feliz também, é o Guiamum Treloso, que é uma grande prévia daqui, que todo mundo conhece, que é lá no Poço da Panela, e a gente vai dividir o Palco com Otto e Nando Reis. E a gente soube hoje que a gente entrou na programação né? Dia 07 de março, no Alto Zé do Pinho, com Marcelo D2. Segunda de carnaval né?

Revista Click Rec - Os Mamelungos são todos compositores, instrumentistas, arranjadores e vocalistas, além de terem passado pela faculdade de Produção fonográfica. De que forma essas virtudes ajudaram no processo de gravação do CD?
Luccas -
Po, tudo que a gente fez foi independente né? A gente teve ajuda de várias pessoas, mas tudo quem fez, desde o início, inclusive começou aqui no CapiBar, tudo foi a gente que fez, todo o dinheiro pra fazer o disco foi a gente que tirou do bolso. Então acho que é uma independência legal.
Weré - Inclusive esse processo de ter estudado, de ter tido um pouco de instrução de como a cadeia fonográfica age, que existe um mercado, um "como começar", uma regra básica para quem quer começar uma história, ter um produto e saber que tem uma pré-produção, um processo. Existe todo um processo que a gente não vai parar. O que a gente quer é entrar no mercado, assim dizendo, de uma forma mais profissional que atinge um respeito próprio. Passa a dar um valor a mais pro nosso trabalho, por se ter gasto grana com a história. Po, a gente não tá cheio da grana e a gente não tem muito de onde tirar dinheiro saca? E a gente consegue fazer um produto massa que a gente conseguiu com pleno esforço. De saber de onde tirar, promovendo eventos.
Thiago - Ter estudado a matéria realmente teve muito a ver pra gente alcançar os objetivos. Independente de onde você vai tirar o dinheiro você tem que ter um plano, tem que ter estratégia. E a gente trata a música com emoção, e não com tanta burocracia assim dizer. Unindo as duas coisas você consegue fazer tudo.

Marcus Fernandes - Depois de mais de um ano de trabalho, os mamelungos finalmente lançaram o primeiro CD. A gente sabe que a pirataria está aí para deixar a vendagem dos discos para um plano secundário. Como vocês vão encarar essa realidade?
Luccas - Eu quero é que pirateiem mesmo (risos).
Thiago - A gente se autopirateia velho. A gente manda os MP3 pra todo mundo e diz "Ai galera, pode baixar e mandar pra todo mundo".
Weré - Na verdade o dinheiro que a gente quer, é outro saca? É outro nível de dinheiro que a gente recebe da música da gente. Não é esse dinheiro de papel saca? A gente faz música pra quanta mais gente escutar, melhor, porque a gente quer que essas pessoas se sintam como a gente se sente. Assim torna mais fácil todo mundo fazer o que quiser.
Luccas - Mesmo assim a gente tem conseguido vender uns discos. Tamo vendendo bem. Inclusive saiu no Diário (de Pernambuco) que foi o disco mais vendido da loja Passadisco.
Weré - Que a questão é que já virou um produto. Por banalizar tanto, a gente teve a ideia de fazer o CD de uma forma com um artista como o Jacaré, que fez parte da história. A gente queria que quem comprasse o álbum tivesse ali nas mãos uma obra de arte. A gente fez questão de que a galera levasse uma parte de nossa história pra casa. E faz parte da história do cara que comprou também né velho? Se comprou, é porque gosta..
Luccas - Mesmo sendo ilegal a pirataria, difudindo nosso som tá valendo. Eu quero mesmo é que copiem e dê pra amigos e tudo mais. Ouçam nosso som, isso ai já é o ouro.

Marcus Fernandes - O trabalho artístico independente tem dado certo no Recife?
Weré -
Isso aqui tá massa velho (risos)
Thiago - Até então tá bem legal.
Luccas - A gente tem dois anos de banda né? Por enquanto tá massa. Temos conseguido shows bons, viver bem, e a experiência de dar uma passeada e ir morar em São Paulo, ainda não sei. Recife é uma grande escola. Daqui saem muitas coisas boas e a gente respeita muito isso. Mais do que ser bem sucedido financeiramente sabe? A gente quer sempre tá em contato com a música e a nossa escola da nossa cidade. (Thiago) Hoover foi criado em Campinas mas ele é recifense também, então ele tá enraizando também.
Weré - Ele tá nos picos inspiradores que a gente tem por aqui que não é qualquer canto que o cara acha. Sentir cheiro de lama e se lembrar de Chico Science não é qualquer lama não (riso).

Marcus Fernandes -  Quais são os planos da Mamelungos para 2011?
Weré -
Cara, a gente já tá em criação absurda de músicas. Os amigos é que são os eleitores de dizer se tá bom ou tá mal. A gente tá mostrando, a galera tá gostando, e acho que a gente vai trabalhar mais esse novo CD mesmo.
Luccas - Viajar, fazer uns shows fora, mas nunca parar com a criação sabe? Trabalhar tendo este disco, paralelamente.
Weré - Tudo pode mudar. O próximo passo pode não ser um disco. Pode ser um filme, não sei. A gente tá sempre afim de mudanças. O passo que vem a gente deixa vir.
Thiago - A meta de 2011 é difundir esse disco. A nível Brasil.

Marcus Fernandes -  A banda tem quatro vocalistas, mas nenhum toma a frente do palco? Como você fazem a 'divisão' de quem canta cada canção?
Luccas - Não, a gente não tem um frontman. E isso sempre foi muito natural saca? A gente sempre tocou juntos, sempre fomos muito amigos.
Weré - Sempre foi dessa forma saca? Tá tocando, ai passa o violão pra outro. Ai passa pra outro, toca de novo. E ai vai.
Thiago - Acho que o lance da divisão como você falou, nesse primeiro disco cada apresentou suas músicas e a gente selecionou as que a gente achou mais legal. Então por exemplo. Me Ensina é minha, então sou eu que canto. De Galho em Galho, a gente juntou separou Weré e Igor. Ipê é minha também, mas os quatro cantam saca? Mas Pedaço é de Luccas, e ele canta. Bicho Noturno é de Igor. Então assim, a divisão tem um pouco a ver com quem faz a música, mas tudo pode acontecer.
Luccas - Eu acho que o ego nunca atrapalhou muito a gente não, nessa história de querer aparecer mais ou menos sabe? A gente preza pelo todo.
Thiago - A gente sabe que ninguém precisa tomar a frente de um projeto que tá todo mundo a frente. Mas juntos, a gente é mais forte.
Luccas - Todo mundo tem seus projetos solos, ninguém aqui vai mentir, mas a gente costuma dizer que juntos somos fortes.
Thiago - E vai ser pra sempre mesmo né? Uma história que independe de mercado ou de dinheiro. A gente toca não é pra ganhar dinheiro ou sair. Lógico que é a consequência do nosso trabalho, mas o valor da gente tá junto é maior. Tanto que a gente tem altos paus como qualquer grupo de amigos, como uma família. Um casamento.

Marcus Fernandes - Pra finalizar, queria que vocês desse um recado a quem for ver esta entrevista:
Weré -
Queria que a galera comparecesse no show da gente, e aprendesse as músicas na internet pra não ficar abestalhado lá (risos), e chegasse junto. Acessem nosso myspace (http://www.myspace.com/mamelungosderecife) e saibam das novidades da gente.
Luccas - E que a galera ame a música. A música é o caminho. A maior arma pra conseguir qualquer coisa. Paz e amor no mundo todo.
Weré - Pra tudo.

Foto: Marcos Melo/Divulgação e Ranna Santiago

Nenhum comentário:

Postar um comentário