Capa do disco "Mundo", de Maciel Salú |
Se fosse pra definir a linha que Maciel Salú vem dando na sua vida, se diria que ele é retirante do mundo. Mesmo sem deixar de lado as origens, o artista conseguiu com habilidade encaixar todas as experiências que acumulou em espaços, e músicos de diversas regiões num só lugar, confirmando o que ele já havia avisado: O cantor e rabequeiro que já lançou os discos Maciel Salú e o Terno do terreiro - A pisada é assim (2004) e Na luz do carboreto (2007). vive uma nova fase musical. Bem mais madura, diga-se de passagem. Além da carreira solo, Salú já gravou com as bandas Chão e Chinelo, grupo que iniciou sua trajetória, e Orquestra Contemporânea de Olinda. Filho de uma família de mestres, como o saudoso Mestre Salu, Maciel tem a música pernambucana e mundial pulsando nas veias. Confira um bate-papo que tivemos com o artista.
Marcus Fernandes - Você vem de uma família que tem grande envolvimento com a música, como o seu avô João Salustiano e seu pai mestre Salustiano. Mas quando foi que você encontrou a sua música? Teve algum momento em específico?Maciel Salú - Minha música nasceu dentro da tradição da família né? Nasceu dentro do cavalo-marinho, do maracatu, coco. E minha música nasceu a partir do momento que eu comecei a tocar rabeca, que é o único instrumento de corda que eu toco, e foi o que me deu inspiração pra começar os meus trabalhos. E fora o aprendizado também, com meu pai, meu avô e outros mestres como Luiz Paixão, Pereira, saudoso Pitunga. E o dia a dia que você vai conhecendo coisas novas, viajando, fazendo outros trabalhos e amadurecendo, na realidade. E no Chão e Chinelo, que foi a primeira banda que me colocou nos palcos, depois DJ Dolores e a Orquestra Santa Massa.
Marcus Fernandes - Já são tem três discos lançados como cantor solo, além de ter rodado boa parte do mundo em 13 anos de carreira. Durante este tempo, o que você acumulou e pode dizer do potencial da música pernambucana?
Maciel Salú - É como um ser humano quando nasce que ele passa por várias etapas. É bebê, criança, adulto... enquanto Deus vai te dando vida tu vais alcançando tudo isso. Então música também é isso. É a forma de você se expressar. Cada ano que passa eu tô indo em busca de mais conhecimento nesta área. Se estacionar, fica estacionado. E o público quer sempre mais né? Então o público vai aumentando e vai aumentando a responsabilidade.
Marcus Fernandes - “Mundo” é hoje a representação desta nova fase de sua carreira. Fala pra gente o que significa este momento e quais foram as referências para a realização deste trabalho:
Maciel Salú - Na realidade, é como eu te falei. A gente vai vivendo, aprendendo. Se não gostou aqui, se meche ali, faz parte. Eu gosto de compor a música com carinho, e enquanto ela não tiver legal eu não gravo. Eu sou muito exigente nisso ai. Então a partir da hora que eu passei a viajar por outros mundos... porque música pra mim é mundo. As vezes as pessoas vem rotular o seu trabalho perguntando se você é rock, se é regional, e num sei o quê. Desde que eu me conheço por gente regional é algo de uma certa região. Pode ser rock, maracatu, jazz, pode ser o que for. Então música pra mim é mundo, ela não tem rótulo. Então o dia a dia de viagens por outros países e conhecendo novas culturas e artistas, comprando CDs e DVDs de outros lugares, tipo Fela Kuyt, que é um cara lá da Nigéria. É um cara muito respeitado, mas que se consagrou por unir a música de sua terra com outros elementos, e deu a cara do trabalho dele e ele não perdeu a identidade dele. E é assim o meu trabalho. Eu posso misturar rabeca com guitarra, bateria e metais, zabumba e meio mundo de coisa e sem perder minha identidade, entendesse?
Marcus Fernandes - Como surgiu a ideia de chamar Chico César e Jorge Du Peixe para fazer participações especiais neste último trabalhoseu?
Maciel Salú - O meu primeiro disco eu contei com a participação de Siba né? Eu gosto de tá sempre convidando alguém. O segundo teve a participação de Isaar. E nesse eu tinha outras participações em mente, mas eu fui pensando direitinho quem cabia direitinho em casa música. Chico César, por exemplo, aceitou com todo carinho, apesar de tá numa correria muito grande. Jorge Du Peixe da Nação Zumbi também veio tranquilo. Eu acho que não adianta você se fechar num mundo só pra você. É mundo. Então a gente tem que tá relacionado com algumas pessoas para que as coisas possam se perpetuar e crescer. E a participação de Jorge Du Peixe na música Tambaú cresceu muito a melodia, bem como a participação de Chico. Então pra mim eu fico honrado com a participação deles dois no disco.
Maciel Salú - Na realidade, é como eu te falei. A gente vai vivendo, aprendendo. Se não gostou aqui, se meche ali, faz parte. Eu gosto de compor a música com carinho, e enquanto ela não tiver legal eu não gravo. Eu sou muito exigente nisso ai. Então a partir da hora que eu passei a viajar por outros mundos... porque música pra mim é mundo. As vezes as pessoas vem rotular o seu trabalho perguntando se você é rock, se é regional, e num sei o quê. Desde que eu me conheço por gente regional é algo de uma certa região. Pode ser rock, maracatu, jazz, pode ser o que for. Então música pra mim é mundo, ela não tem rótulo. Então o dia a dia de viagens por outros países e conhecendo novas culturas e artistas, comprando CDs e DVDs de outros lugares, tipo Fela Kuyt, que é um cara lá da Nigéria. É um cara muito respeitado, mas que se consagrou por unir a música de sua terra com outros elementos, e deu a cara do trabalho dele e ele não perdeu a identidade dele. E é assim o meu trabalho. Eu posso misturar rabeca com guitarra, bateria e metais, zabumba e meio mundo de coisa e sem perder minha identidade, entendesse?
Marcus Fernandes - Como surgiu a ideia de chamar Chico César e Jorge Du Peixe para fazer participações especiais neste último trabalhoseu?
Maciel Salú - O meu primeiro disco eu contei com a participação de Siba né? Eu gosto de tá sempre convidando alguém. O segundo teve a participação de Isaar. E nesse eu tinha outras participações em mente, mas eu fui pensando direitinho quem cabia direitinho em casa música. Chico César, por exemplo, aceitou com todo carinho, apesar de tá numa correria muito grande. Jorge Du Peixe da Nação Zumbi também veio tranquilo. Eu acho que não adianta você se fechar num mundo só pra você. É mundo. Então a gente tem que tá relacionado com algumas pessoas para que as coisas possam se perpetuar e crescer. E a participação de Jorge Du Peixe na música Tambaú cresceu muito a melodia, bem como a participação de Chico. Então pra mim eu fico honrado com a participação deles dois no disco.
Marcus Fernandes - Você uma vez disse que demorou 10 anos para compor a música Casa Amarela. Como é essa sua relação com o bairro?
Maciel Salú - É que as vezes as pessoas vão perdendo as suas referências. Isso as vezes não é nem debatido dentro da escola. Mas Casa Amarela era um bairro muito conhecido. Falava-se muito pouco dos outros bairros que tinham ao redor de Casa Amarela. Alto Zé do Pinho, Vasco da Gama, Morro da Conceição... é tudo Casa Amarela. Eu já sambei muita sambada de maracatu e cavalo marinho como o Maracatu Leão Brasileiro, o Leão da Aldeia Nova Olinda, o Águia de Ouro, do saudoso Biolino, do Morro da Conceição, um dos maracatus mais antigos de Pernambuco. Então eu disse “Não, espera ai. Eu tenho que fazer uma música pra esse bairro." E eu comecei a fazê-la quando eu ainda tocava no Chão e Chinelo, mas só agora eu encontrei o conteúdo e a música tá ai.
Marcus Fernandes - Em 2011 você está entrando em turnê. Esta turnê foi feita encima da agenda da que a Orquestra Contemporânea de Olinda terá também em 2011?
Maciel Salú - Tem a turnê com a Orquestra. Agora eu acabei de chegar de Senegal, do Festival Mundial das Artes Negras, e estamos fechando também uma turnê pra Maciel Salú, em Rio de Janeiro, São Paulo Brasília, tentando articular a Europa. É um trabalho de formiguinha, que você vai trabalhando por etapas. O investimento é muito caro também. Tem gente que pensa que música é só lazer e não, é uma profissão como qualquer uma e é a forma que eu tenho de me expressar. Eu falo na música o que quero falar, agora claro que com consciência, entendesse?
Marcus Fernandes - Indique cinco bandas daqui de Pernambuco:
Maciel Salú - Rapaz, tem muita coisa boa acontecendo sabe? Tipo... Rabecada é uma. Issar, Alessandra Leão, tem uma penca de gente ai. Fim de Feira, Guardaloop... Sem contar da galera que tá ai já como a Nação Zumbi, o Eddie, Mombojó, Siba, e tem muitas bandas surgindo. E a tendência é surgir mais, fortalecendo o movimento de cá. Leva um tempo pra amadurecer. A mensagem que eu quero deixar pra quem tá começando é que tem que amadurecer, procurar músicas e arranjos legais, formar um público e ralar, porque tem gente ai interessada.
Marcus Fernandes - Para finalizar, gostaria que vocês dessem um recado para os leitores:
Maciel Salú - Eu queria agradecer pelo carinho de vocês. É como eu falo. A gente sozinho não faz nada. A gente tem que ter parceiros pra ir pra gente. Se não tiver parceria você não consegue fazer nada.
Foto: Xirumba
Nenhum comentário:
Postar um comentário